Primeiras palavras

Publicamos esse Blog para tratar de temas como Educação, Teologia e religião. Abordaremos o espaço da escola como possibilidade de gerar crítica frente a tudo que vivemos na sociedade presente.
Grande abraço.
Paz e bem.
Paulo Henrique

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A espiritualidade da educação

“Ensina-se na medida em que se marca a história de alguém”
Essa foi uma das frases que muito chamou a minha atenção durante a fala de um importante professor brasileiro há uns anos atrás numa palestra.
Fiquei pensado que esse marcar a história se traduz em dar significado ao aprendido, de tal sorte que a marca nunca mais desaparecerá. Aprender tem haver com isso. Um conhecimento aprendido, uma vez aprendido, faz parte daquilo que conheço e, aos poucos, vai se transformando e se ligando a outros saberes e, assim, construindo a capacidade de aprender sempre.
Ser aprendente. Estar aberto à provocação do desconhecido que fascina e dá medo ao mesmo tempo. Aprendente é a característica de todo aquele que está convencido de que não está pronto. Nunca estará.
A espiritualidade na educação bebe desse ser aprendente. Somos impelidos a aprender e ensinar aquilo que sabemos não por força das teorias despregadas da vida prática, mas por força das experiências significativas que vivemos a partir dessas teorias.
Encarnada na escola, esse espaço de rara beleza pelos frutos de transformação na vida das pessoas, a espiritualidade também singra por essa vereda de dar um sentido a todo aquilo que se faz, pois também é capaz de transformar a vida daqueles a quem ela toca.
A educação por força própria é espiritualidade na medida em que é compreendida como uma ação capaz promover a vida dos sujeitos. Como professores queremos que nossos alunos cresçam e se desenvolvam de tal sorte que superem as nossas expectativas. Como mestres queremos aprender com eles. Sentir-nos interpelados por suas questões, buscamos juntos respostas que incentivem outras perguntas e outras respostas.
Na sociedade contemporânea que clama por padrões éticos, respeito, convívio e solidariedade, a escola se mostra como espaço no qual junto das letras, dos números e de todos os outros saberes, se apresentará também oportunidade de vivência desses valores.
Nesse sentido, a tão falada educação integral proposta pela escola, tem sua ressonância nos mais genuínos conceitos da prática da espiritualidade, pois abrange todas as áreas do existir. Assim, no cotidiano da vida, no exercício de reflexão, no aprendizado construído a partir das experiências e no domínio do conhecimento científico e da técnica, possibilita-se ao ser humano, ser autônomo, criativo, dinâmico e transformador de sua realidade.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O gerenciamento de resultados no espaço da escola

Os processos de gestão educacional se apresentam como desafios bastante concretos no que diz respeito aos aspectos de gerenciamento dos resultados.
Os resultados da escola por vezes, são subaproveitados na perspectiva da tomada de decisões estratégicas; as métricas, tidas como recurso de pouca valia prática, se resumem a um instrumental documental que serve a burocracia.
Nesse contexto, os gestores educacionais, via de regra, se posicionam de forma pouco assertiva frente aos desafios cotidianos. As decisões são tomadas, na maioria das vezes, por puro “feeling”. São pouco apoiadas em material que sustente um sistema decisório com vistas à eficiência da escola.
O que se pretende conquistar precisa ser estudado, planejado e executado de forma intencional, os resultados numa instituição de ensino não podem – de forma alguma – ser fruto de uma casualidade, de um acidente, ainda que sejam bons.
Na alça de mira do gestor escolar sempre deverá estar o monitoramento dos múltiplos processos da escola. Aspectos como evasão, absenteísmo, práticas pedagógicas, metodologias didáticas, fluxo financeiro, gestão de pessoas, patrimônio, organização curricular e mais um sem fim de ações, deverão ser acompanhadas de forma ostensiva para ter-se nas mãos um instrumento de navegação que além de dizer onde a instituição está, deve indicar também para onde ela irá e, fundamentalmente, qual será o caminho a seguir.
Para Kaplan e Norton (1997) aquilo que aqui chamamos de instrumentos de navegação está relacionado à questão da informação. Condição sine qua no do bom gerenciamento de processos organizacionais é a qualidade da informação que se dispõe para decidir. Dito de outra forma, a qualidade da informação nos quesitos precisão, clareza e objetividade é central para o sucesso da estratégia da instituição.
Ressalta-se ainda, a partir da perspectiva desses autores, que a escola deverá ressignificar o seu ambiente organizacional, estabelecendo conexões muito mais íntimas com a qualidade em todos os seus processos operacionais. Os clientes (alunos e famílias) deverão se entendidos não somente como aqueles a quem se destinam os serviços da escola, mas como importantes parceiros na busca da precisão da informação sobre a qualidade do serviço prestado; o mesmo vale para fornecedores, educadores, comunidade circunvizinha, todos – sem exceção – são pontos de coleta de dados da eficiência da escola.
Fatores como desempenho acadêmico dos alunos e o seu acesso aos segmentos pedagógicos seguintes, variação no número de alunos, rentabilidade e lucratividade financeira, também se mostram como balizas importantes para que as informações sobre o desempenho da escola sejam confiáveis o suficiente para sustentar ações de manutenção dos pontos fortes e inovação naquilo que precisa ser melhorado.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Qualidade na educação e rentabilidade financeira

Nos últimos anos de vivência profissional, a superação das fragilidades das instituições de ensino nas quais colaborei como profissional no que diz respeito aos aspectos da qualidade sempre foram um desafio que mobilizaram estudos, esforços e árduo trabalho das equipes as quais tive o privilégio de liderar. Tais fragilidades se mostram na necessidade de equacionar o sonho utópico de um modelo de educação capaz de transformar realidades sociais a partir da mudança na vida das pessoas educadas para a resolução autônoma e crítica dos problemas e, ao mesmo tempo, sustentar-se como negócio viável, como empresa.
Na vivência dessa aparente esquizofrenia conceitual, a atuação como gestor educacional está colocada no limiar entre qualidade de educação e as necessidades da manutenção financeira, além do posicionamento da instituição educacional no mercado frente à concorrência.
A questão problema que se mostra aqui é responder se os processos de gestão educacional são capazes de contribuir para a qualidade da educação e ainda oportunizar a rentabilidade financeira da instituição. Perguntamo-nos: é possível ao gestor educacional garantir qualidade nos processos pedagógicos da instituição de ensino num cenário de competitividade concorrencial mantendo sustentabilidade financeira? Existem ferramentas gerenciais capazes de dar visão sistêmica aos processos pedagógicos aliando qualidade educacional e viabilidade financeira?
Na construção desse trabalho algumas hipóteses se formam de imediato. A questão da incompatibilidade conceitual entre qualidade educacional e rentabilidade parece-nos pouco razoável na medida em que a boa qualidade de qualquer serviço é um dos geradores de abertura de novos contratos, por conseguinte, de ampliação de caixa.
Se é verdade que no cotidiano das instituições de ensino a preocupação exagerada com a questão financeira sufoca a prática pedagógica, também é verdade que muitas instituições de ensino encerraram as atividades por negligência nos aspectos administrativos-financeiros. Aqui reside a real necessidade de um equilíbrio entre essas dimensões tão centrais na vida das escolas.
Desejo falar mais sobre o tema apontando pistas para tentar responder a essas e outras questões.